sábado, 26 de novembro de 2011

Todos queremos o amor.



                                                      We all want someone there to hold                                                             We just want somebody                                                 We all wanna be somebody's one and only                                                     We all wanna be warm when it's cold                                                  No one wants to be left scared and lonely.                                                                            We all want love - Rihanna

É realmente estranho como quase nunca consigo escrever sobre outro assunto que não seja amor. Mais estranho ainda é o fato de que a maioria das vezes minhas histórias de amor são tristes. Cheias de lágrimas, arrependimentos, decepções e saudade.

Minha criatividade pende exatamente para o lado obscuro desse sentimento, para o lado que todos nós gostaríamos que não existisse, o lado ruim que nos impede de sonhar por muito tempo e de ser felizes por muito tempo.

Talvez eu mesma tenha sido as minhas personagens muitas vezes. Talvez as lágrimas delas tenham sido as minhas lágrimas de outrora. Talvez por isso eu não consiga imaginar um amor feliz. Justamente porque eu não sei o que é um amor feliz.

É bem provável que meu cérebro esperto tenha desenvolvido um mecanismo de defasa, fazendo com que eu ache que todo e qualquer amor não vai acabar bem, mais cedo ou mais tarde. Minha substância cinzenta quer me afastar do sofrimento, fazendo de tudo para que eu fuja desse bruxo das trevas tão perigoso.

Eu entendo a posição do meu cérebro. Mas não concordo. Porque eu era bem mais alegre quando ele me deixava acreditar na existência de um amor feliz pra mim nesse mundo.

Porque algum tempo atrás, eu era outra Lívia, uma sonhadora que poderia passar horas escrevendo cartas de amor que nunca seriam entregues. Apenas escrevia pela alegria de ver palavras bonitas no papel. As minhas palavras bonitas.

Hoje tenho que ser “forte”, dizer que não acredito em sonhos, dizer que sou feliz sem amar, e que não preciso de alguém ao meu lado para dividir comigo as minhas tristezas e alegrias. Tenho que dizer que não preciso de carinho. Tenho que escrever palavras tristes. Apenas palavras tristes.

Realmente espero que a outra Lívia ainda viva em algum lugar dentro de mim. Espero que ela volte, e volte rápido. Porque todos nós queremos alguém para abraçar, queremos ser únicos e exclusivos de alguém, queremos nos sentir quentes nos dias frios. Todos nós queremos o amor. E se eu não quero o amor, então eu não sei mais quem eu sou.

Lívia C.B.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cause you make me feel,

                                               Like I'm not a girl from this world.

Não se assuste se me encontrar estática com os olhos arregalados, olhando para o nada. Sem piscar. Quando olho para o nada mergulho em mim mesma e esqueço tudo a minha volta.

O nada onde fixo meus olhos é como um grande telão branco de cinema, perfeito para a projeção dos milhares de “filmes-memórias” que existem em minha mente. Analiso cada cena para descobrir algum detalhe que deixei passar.

Faço isso constantemente, mais até do que seria saudável para uma pessoa normal. O problema é que eu não sou uma pessoa normal.

Pessoas normais não têm uma sala Cinemark 3D em suas cabeças, e nem narradores inoportunos e irritantes que insistem em narrar tudo e todos a sua volta, 24 horas por dia.

Pessoas normais não têm uma trilha sonora pronta em seus ouvidos, uma musica certinha pra cada sentimento, ou pra cada pessoa especial.

Na maior parte do tempo sou assim, uma pessoa nada normal. No entanto, raras vezes, me transformo em um ser de outro planeta. Estranhamente nesses momentos você sempre está por perto, interferindo em toda minha (des)organização mental.

Então eu não sei mais o que é música, o que é filme, o que é nada, o que sou eu, onde estou. Acredite se quiser: O meu narrador intruso irritante perde a voz. Ele não sabe o que dizer. Eu não sei o que dizer. De repente tudo vira silêncio, não penso em nada. Não entendo o que você diz, não me concentro na realidade em nem na fantasia. É desesperador!

Quando volto à vida, ou você está de costas indo sabe-se lá pra onde, ou eu virei as costas indo sabe-se lá pra onde também. Devagarzinho o narrador volta das profundezas e diz:

Mais uma vez ela não soube o que fazer, mais uma vez ela não soube o que dizer. Até quando ela será tão boba para deixar sua vida passar diante dos seus olhos? Descubra em breve, nos cinemas.

E os violinos começam a tocar, os filmes começam a se projetar em velocidade acelerada nos telões em branco. Mais uma vez estou olhando fixamente para o nada. Eu não deveria sorrir, mas estou sorrindo justamente por ser a boba que sou.



Lívia C.B.
Para Pauta Livre #05, blorkutando. Segundo texto escolhido como destaque aqui! :)

sábado, 5 de novembro de 2011

SCCC - Análise Sintomatológica


A SCCC (Síndrome do Ciúme Crônico Congênito) atinge 99,99% da população mundial. Essa síndrome se apresenta em diversos graus de intensidade, e os graus mais intensos apresentam grave risco de vida.

Diversos estímulos externos podem desencadear uma crise na SCCC. Por exemplo: Olhares aleatórios, proximidades excessivas, sorrisos suspeitos, passados condenadores e fotos comprometedoras.

A crise começa com um mal estar na região do mediastino. Tal como uma corrente elétrica esse mal estar espelha-se por todo corpo em milésimos de segundo, causado reações fisiológicas adversas como arrepios, calafrios e vermelhidão.

Em seguida há um notável desequilíbrio do Sistema Nervoso Central, caracterizado por um superestimulo das vias simpáticas, ou seja, descargas gigantescas de Adrenalina. Esse hormônio inibe Ego e Superego, tornando o rebelde Id “controlador” das ações verbais e motoras do indivíduo.

Em crises agudas pode haver taquicardia, desmaios, dispnéia, cefaléia, dormência nas extremidades e tremores intensos. Não raro há ainda um incontrolável instinto assassino (daí o risco de vida citado a cima).

A SCCC é carente de pesquisas em todos os aspectos. Muito pouco se sabe sobre o tratamento desta síndrome, bem como sobre seu prognóstico a longo prazo.

Em meus pioneiros estudos tenho obtido bons resultados na administração de altas doses de Sorvete de Creme Kibon; chocolate amargo, meio amargo, ao leite, sonho de valsa e ouro branco; além de Capuccino Nescafé. No entanto, ao que parece, as altas concentrações de lipídeos desses fármacos provocam efeitos colatarais de altíssima gravidade, tais como: Acne, tecido adiposo localizado, estrias epidérmicas e celulite.

Conclui-se que a SCCC é uma epidemia mundial nem sempre silenciosa, e definitivamente destruidora de lares e de corações. Uma agonia extrema tanto para quem convive com a síndrome, quanto para quem convive com quem convive com a síndrome.

A humanidade pede socorro e clama por uma solução a este mal. Eu também!

Lívia C.B. – uma ciumenta incurável.